57th & 9th

Jul
16
2017
Vila Nova de Gaia, PT
Meo Mares Vivas
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Sting e uma genialidade nostálgica no adeus ao Cabedelo...

 

Já sentimos saudades do Cabedelo. É pequeno para tão grandes nomes, é certo, mas é um teatro natural que não é fácil de reproduzir noutros locais, e Sting mostrou-o.

 

Que belo foi o concerto da noite deste domingo no terceiro e último dia do Meo Marés Vivas. Do melhor que a casta londrina já produziu. Teve homenagens a Bowie, pai e filho no palco, dois "encores", êxitos atrás de êxitos: Senhores que gravam tudo nos telemóveis, ainda há espaço nesse cartão?

 

Nesta ode à nostalgia, Sting, ou Gordon Sumner, apresentou-se de t-shirt justa e não largou o baixo Fender de 1957 amarelo. O velho companheiro de viagem é mostrado muitas vezes em grande plano nos ecrãs do Marés Vivas e exibe cicatrizes do que já foram centenas de grandes momentos por esse Mundo fora. O corpo do instrumento já perdeu tons de amarelo e parece desgastado, mas dentro está como novo e emana um som que transfigura multidões. Como o dono.

 

"Spirits in The Material World" é lançada à terceira, seguida de "English Man in New York" sem pedir licença, numa versão roqueira que encaixa no Reggae de forma perfeita. "Estou muito feliz por estar aqui com vocês", disse Sting, em português quase perfeito, antes de apresentar a banda. Joe Sumner o filho, permanece no coro. Já vai aparecer.

 

"Fields of Gold" é apresentada sob um manto de luzes douradas e o Douro a cantar. Isto quando não estava em silêncio, a ouvir a voz propositadamente tímida do vocalista de 65 anos. Segue-se "Shape of My Heart", que acaba com Joe Sumner de pandeireta na frente. Pai e filho num dos maiores êxitos, o primeiro da união familiar que também ajudou a que o espetáculo ficasse grandioso.

 

"Message in a Bottle" era tema incontornável e apareceu logo a seguir. The Police, aliás, dominou grande parte do alinhamento. Como tinha de ser. No fim, Gordon diz a Joe que "o pai está cansado", também em bom português. Joe assume o comando do concerto numa homenagem a David Bowie com "Ashes to Ashes" e, dali até ao fim, foi hit atrás de hit: "Walking On The Moon", "So Lonely" e o seu refrão potente que põe meio mundo aos pulos, ou "Desert Rose" são exemplos.

 

Entra, então, um tema longo que começa com "Roxanne" e, de forma repentina, alterna para "Ain"t no Sunshine". Faz-se um silêncio incrível no recinto. Que génio que consegue silenciar de espanto 25 mil pessoas. Como se já não tivesse sido brilhante, "Roxanne" reentra e deixa o Douro em delírio. Dançamos outra vez, e a sorrir imenso desta vez. Esta mistura de sentimentos faz com que Sting e o sexteto que o acompanha saiam do palco debaixo de um aplauso de quase cinco minutos.

 

Depois do primeiro encore, há "Next to You" e "Every Breath You Take". Nostalgia em estado puro, portanto. Sting e a banda saem outra vez e começa a cair orvalho no Cabedelo. É o Douro a pedir o regresso. Ou para não irem já. Aquele espaço que já viu tanto não quer silenciar-se. E Sting faz-lhe a vontade. Regressa para "Fragile" num canto coletivo que satisfaz a alma de quem gosta de música.

 

O concerto de Sting é mais do que um espetáculo para a aficionados ou público "mainstream". É uma viagem de Rock nostálgico protagonizada por um senhor que parece um diamante por lapidar. Surpreende a cada momento e no fim deixa todos felizes.

 

(c) Jornal de Notícias

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